Essa é mais uma discussão sobre
ficção e realidade. Será mesmo que a vida imita a arte ou a arte imita a vida?
Essa abordagem me parece quase tão difícil quanto decifrar se quem surgiu
primeiro foi o ovo ou a galinha.
Eu acredito que, em muitos pontos
de vista, a vida se inspire na arte, afinal o lúdico é sempre mais repleto de
possibilidades e menos preso a certas convenções sociais. Aqueles que fogem do padrão de comportamento
da sociedade estão, de certa forma, dando vazão ao que algum artista já
concebeu em sua obra, ou imaginou que pudesse acontecer, já que os artistas
podem criar tudo e a imaginação é infinita. O caso dos cosplayers e o das
lolitas japonesas elucidam muito bem o meu pensamento. Os casos de heroísmo e
de terror que acometem a sociedade também. Assim são as tragédias gregas.
Se de médico e de monstro todo
mundo tem um pouco, de artista cada um tem sua veia também.
A literatura, por exemplo, é rica em casos
fantásticos. Quem conhece a história de Dorian Gray pode associar o culto à
imagem com a expansão da indústria cosmética e plástica, em que as pessoas se
disfarçam por fora para fugir de suas falhas éticas e morais. Essa é, sem
dúvida, uma possível leitura da obra de Oscar Wilde.
O que dizer então de Michael
Jackson e seu Neverland? A síndrome da infância tardia. O Príncipe, de
Maquiavel... Inspiração e motivações não faltam. No fundo, a realidade depende
da imaginação e vice-versa. São dois mundos que embora pareçam não coexistir,
fazem todo sentido se pensarmos em ambos como fruto da natureza humana.
Assim, é aceitável afirmar que todos
nós podemos modificar nossa realidade factual através da arte, seja criando-a
ou imitando-a. Proposta ousada e tentadora.
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