domingo, 5 de agosto de 2012

Consumo, consumo, consumo³

Ao ler o livro do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, com o título de “Aprendendo a pensar com a sociologia”, alguns pensamentos que já me rondavam passaram a ficar ainda mais constantes. Foi por isso que decidi compartilhar no blog.  
Vou começar expondo de forma bem direta a conclusão a que cheguei e no final do texto deixo uma reflexão.
O fato é que existem pessoas tão facilmente influenciadas pela mídia em geral que acabam se tornando zumbis, completamente incapazes de pensar e agir por si mesmas, sem reproduzir um comportamento já pré-determinado por algum grande ditador, que pode ser uma empresa, uma marca ou um produto.
Eu sei que essa discussão é velha e que qualquer cidadão com o mínimo de senso crítico já se perguntou alguma vez na vida por qual motivo esse tipo de coisa acontece assim tão massivamente, mas vale a pena sempre colocar esse tema em discussão. 
Eu gostaria de acreditar que essa influência fosse exercida somente sobre os jovens e que fosse passageira, mas não é. Muitos adultos vivem suas vidas presos ao conceito de que a felicidade só é alcançada por bens materiais e pela obtenção de um status fictício. Se ao menos essa obsessão pelo material favorecesse algum setor da sociedade, talvez essa prática pudesse ser aceitável, pois seria ótimo vermos pessoas adquirindo produtos recicláveis e/ou reciclados, fomentando o artesanato produzido por cooperativas ou artistas de rua, promovendo bazares para troca de utensílios em geral etc., mas o que se vê não é isso. Pelo contrário, o que se busca é justamente o produto caro, moderno, precursor, tecnológico e, muitas vezes, completamente dispensável. São exemplos: os óculos do skatista, a bermuda do surfista, o tênis do jogador de basquete, o relógio do artilheiro, para não falar dos inúmeros modelos de smartphones, ipods e tablets que disputam a preferência da massa com uma ou outra função mais ou menos parecida com aquela da versão anterior do produto, lançada há um ano e já constrangedoramente ultrapassada.
Para esse tipo de pessoas deve ser desanimador demais aceitar que óculos de sol servem para proteger os olhos, que roupas servem para proteger do frio, além de necessárias à higiene e uma exigência social que pode ser um modo de se expressar, mas não uma disputa de quem é melhor. Adquirir um relógio para basicamente se organizar e se orientar no tempo não é lá muito estimulante, mas é primordial que um ser humano dotado de discernimento consiga enxergar a real necessidade e importância das coisas. E mais: saber que um ipod ou um smartphone ampliam a capacidade de se comunicar e interagir com o mundo, mas que esses aparelhos podem também distanciar e simular a realidade é, no mínimo, lúcido e sadio.
Alguns momentos de reflexão sobre a prática desenfreada do consumismo nos permitem, senão concluir, ao menos  imaginar como seria realizador se todos nós tivéssemos a consciência de que ter produtos criados para suprir necessidades que não existem nem de longe é a razão maior da vida. Que engrandecedor seria compreendermos a necessidade e a real finalidade do trabalho para então aprendermos que valores nem sempre são monetários.

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